Biografia de Marilia Elstrodt

Nome completo: Marilia Paula Leite Perugini Elstrodt
Nascida em 17 de abril de 1963, em São Paulo, Brasil.
Descendências Brasileira e Italiana.

Marilia iniciou sua carreira artística mais tarde do que o usual. Completou seus estudos formais em Administração de Empresas, pela Fundação Getúlio Vargas, e, depois de um mestrado e de trabalhar alguns anos na área, percebeu que não estava perseguindo o verdadeiro desejo e busca de sua alma pela Beleza e sua Criação.

Aos 34 anos de idade, ela entendeu que teria de buscar seus talentos originais e trabalhar a partir deles. Fez um cursinho de pintura sobre madeira que acabou revelando sua fascinação pelas cores e pincéis. Estava convencida, no entanto, que não sabia desenhar e que precisava aprender. Fez vários cursos de desenho, com diversos métodos, como de observação, utilizando o lado direito do cérebro, desenho de nus em atelier de artistas, e outros. No entanto, todos esses métodos buscavam a retratação do mundo exterior, enquanto que sua habilidade, seu talento, está justamente em perceber o mundo interno. Foi assim que acabou descobrindo o seu estilo próprio.

Desenho com caneta e lápis colorido sobre papel preto

Desenho com caneta e lápis colorido sobre papel preto

A partir daí fez aulas formais de pintura, onde explorou vários métodos e materiais e suas propriedades, assim como também diversas aulas de Historia da Arte. Mas, principalmente, Marilia aprendeu com artistas, em seus ateliers de pintura. Foram seus principais instrutores Carlos de Sá e Osmar Pinheiro, ambos já falecidos. Essa experiência foi importante para entender como cada artista precisa encontrar a sua própria forma de se expressar com verdade e profundidade. Ela pintou tanto sozinha em seu atelier como em atelier de outros artistas.

Suas primeiras pinturas eram figurativas em aparência, mas já muito abstratas em significado e mensagem. Sua inspiração vinha de uma fonte interior que a principio não podia compreender muito bem. Algumas vezes suas pinturas eram rejeitadas, pessoas que olhavam para sua arte buscando algo que já conheciam, algo que pudessem compreender e classificar. Logo ela entendeu que se quisesse ser verdadeira com sua arte e consigo mesma, teria que fechar seus ouvidos ao publico por algum tempo e dedicar-se por completo em desenvolver, nutrir e deixar emergir uma Arte da Alma. Desse momento em diante ela passou a se auto denominar uma “Artista Silenciosa”.

“Woman – Part IV” – óleo sobre tela – 0,80m x 0,80m

Durante todo o seu processo de aprendizagem e até hoje a pessoa com quem mais aprendeu e continua aprendendo é Arnaldo Calado de Farias, alguém com um vasto conhecimento da arte como uma manifestação do rico inconsciente do ser humano. Ele também a ajudou a compreender a importância da solitude na criação vinda da alma.

“Expulsão do Paraiso” –  Óleo sobre tela – 1,20m x 1,60m

A vida da Marilia foi criar seus três filhos e, concomitantemente, trabalhar sozinha em seu atelier. Além disso, fez lindas viagens com seu marido ou com toda a família para Japão, Índia, Europa, África, e para as Américas, visitando e conhecendo muitas e diversas culturas, pessoas e formas de expressão da Arte. Isso criou um caldeirão alquímico em sua alma que se manifesta constantemente, é sempre bem-vindo por ela e que, obviamente, impactou e impacta em seu processo criativo.

“Assim falou Zaratustra” – Óleo sobre tela –  1.50m x 2.00m – dimensão total – díptico

Marilia sempre gostou de experimentar algo novo e materiais diferentes. Decidiu-se por estudar a criação em barro. Isso a levou a criar uma série de esculturas que, mais tarde foram ampliadas e produzidas em bronze. O jardim de se sua casa se tornou um Jardim de Esculturas, inspirada por uma visita à casa de Peggy Guggenheim em Veneza.

“Eudora” – Escultura em Barro

BIOGRAFIA DE MARILIA ELSTRODT

“Hecate” – Escultura em Bronze – 1,00 m  x 0,60m x 0,80m

Outra técnica pela qual se interessou foi gravura em metal. O atelier ganhou uma prensa e Marilia passou seus dias a desenhar sobre placas de bronze, banhar essas placas em ácido ou interferir sobre o metal com diversas técnicas e finalmente imprimi-las sobre o papel. Para ela isso era verdadeira alquimia e por isso essa técnica lhe trouxe muita alegria, pois a alquimista dentro de si mesma pode se expressar.

O ato de pintar, porém, sempre foi o seu maior prazer e recebeu da artista maior dedicação e atenção durante toda sua carreira até hoje. Mesmo durante novos experimentos, nunca deixou de pintar.

Sempre gostou de pintar séries. TAO foi uma delas, onde pintou 13 telas inspirada nesse tema. Foi para ela como ouvir a voz do Universo.

“Tao X” – óleo sobre tela – 1.30m x 1.90m

E outra foi “Energia Cósmica”, uma série de quatorze telas redondas, foram produzidas. Através de momentos de completa solitude, em profunda interação entre artista, tela e cores, uma conexão inspirada entre seres humanos e o Universo foram expressos nessa obra. Foram momentos preciosos para a artista.

“Energia Cósmica 2 “ – óleo sobre tela – 1,68m

Uma série de doze telas foi produzida, aprofundando a jornada solitária da artista através do deserto, da montanha, da floresta…

“No deserto” – óleo sobre tela – 1,20m x 1,60m

A artista recebeu da vida uma surpresa que modificaria profundamente o seu viver. Um câncer.

Os tratamentos foram feitos, foi curada e sua vida mudou – para melhor – tanto a vida da artista como da mulher.

Seu ritmo mudou. Agora menos significa mais. Em intensidade, em verdade. A maturidade alcançou a pessoa e a arte.
“Casulos de Outono”, um díptico, foi produzido.

“Casulos de Outono” – óleo sobre tela – Diptico 1,60m x 2,40m

Pinturas intensas, profundas, numa produção solitária e cada vez mais amadurecida.

“Kundalini” – óleo sobre tela – 1,20m x 1,60m

Outra série foi “As Nereides”. Essa série foi muito intensa, exigiu da artista uma imersão completa no ato de criar e trouxe à tona muitos aspectos dos arquétipos do ser humano.

“Dero, a Paciente” – “As Nereides” – óleo sobre tela – 1,50m x 2,00m

A vida traz também surpresas boas para a artista. Com os filhos crescidos, morando fora de casa, o casal decide que é tempo de iniciar uma nova aventura e muda-se para Londres. A artista sente que talvez a vida esteja lhe acenando que é hora de, após quase 20 anos de trabalho solitário, mostrar ao mundo a sua obra. Assim, envia algumas fotos da serie “As Nereides” e uma delas e’ selecionada para a mostra “London Biennale 2017”. Agora outra Nereide será exibida, dessa vez na XI Bienal Internacional de Firenze. A artista se sente feliz e agradecida.